domingo, 25 de outubro de 2009

"Mostra da Cooperifa" quinta (22/10) foi o dia do cinema.

Por:Alessandro Buzo

Quinta 22/10/09, foi o dia do cinema na "II Mostra da Cooperifa" que acontece a semana toda na Zona Sul de SP.
Saimos do Bixiga, eu (Buzo), Toni Nogueira, Marilda Borges e Evandro Borges (filho do Buzo e Marilda). Destino CEU Casa Blanca.
Chegamos pouco antes das 14h para assistir todos os filmes e o debate (que o Toni Nogueira, que dirigiu "Profissão MC" comigo, fazia parte).
A Mostra nos mostra que é possível hoje (com muito trabalho), termos uma semana inteira de atividades culturais, feitas de nós, para nós.
Por conta da excelênte programação, vai aqui meus parabéns (de verdade) à Cooperifa, pela ousadia. Da minha parte estou sempre a disposição para somar.
Vamos aos filmes


Povo lindo, povo inteligente (50 min), de Sérgio Gagliard e Maurício Falcão.
Documentário sobre o sarau da Cooperifa a partir do cotidiano e dos relatos de sete poetas assíduos.
Buzo comenta: Esse filme foi produzido pela DGT Filmes, fui assistente de produção, posso assistir 50 vezes que não cansa e ainda me emociono, é um filme que nos mostra uma periferia de superação através da poesia.

Amanhã, talvez (7 min), de Rogério Pixote.
Manoel e seu dia a dia. Bebida, TV, bebida, talvez amanhã. Baseado em um conto de Sérgio Vaz.
Buzo comenta: Gostei bastante do novo filme de Rogério Pixote, que a tempos corre pelo cinema na periferia. Mostra como a bebida pode deixar uma pessoa, sem alto estima, sem ter motivos para acreditar em dias melhores, hora trágico, hora irônico na parte da morte vindo buscar Manoel.
Vale e muito a pena ser visto.

Graffiti (10 min), de Lílian Santiago.
A história por trás de um graffiti. Um rolê com um jovem pela cidade de São Paulo, logo após a série de ataques do crime organizado.
Buzo comenta: Lembro do dia em que a cena da Cooperifa (um personagem interpreta um poeta), uma superprodução, câmera profissional.
Quanto ao resultado, achei um pouco confuso, isso pode ser bom, porque faz pensar.
Quando cai a ficha é um rolê de um jovem, lembrando de um grande amigo morto por engano (inocente), pela polícia, no rivide depois dos ataques do PCC em SP.
Vale a pena ser visto, participação de Sérgio Vaz e Marcio Batista. Como eles mesmos no sarau.

Profissão MC (52 min), de Alessandro Buzo e Toni Nogueira.
O filme aborda os dilemas enfrentados por um rapper da periferia em um momento delicado de sua vida.
O diretor Buzo comenta: A exibição foi boa pra mim, porque foi a primeira depois que de fato finalizamos o mesmo, pela primeira vez com o audio melhorado, gostei do resultado nesse quesito técnico.
De resto não sei se as pessoas gostaram, quem deve responder são elas, eu sou suspeito.

Literatura e resistência (54 min), 1daSul Filmes e Literatura Marginal Editora.
Documentário sobre a trajetória literária e de militância cultural do escritor Ferréz.
Buzo comenta: Já havia assistido esse filme no lançamento que aconteceu no Itaú Cultural. Traz o Ferréz por ele mesmo, mostrando sua trajetória de sucesso na literatura e na marca 1 da Sul.

Pode me chamar de Nadí (18 min), Déo Cardoso (CE).
Dos deboches dos colegas ao contato com uma bela modelo negra, os conflitos enfrentados pela menina Nadí por conta dos seus cabelos crespos.
Buzo comenta: Um filme bonito e que traz reflexão. A menina que interpreta a protagonista Nadí manda muito bem, um filme que vale a pena assistir, mostra que com a alta estima (que uma jovem Negra linda, papel de estudante e modelo nas horas vagas) traz a Nadí, nós conseguimos ver a beleza onde outros só vêem preconceito.
O negro e a negra é lindo sim, basta ele proprio saber disso e não aceitar que digam o contrário, como o dilema que a Nadí tem com seus cabelos.
Lembro quando dava aulas de literatura para crianças de 9 a 12 anos no Itaim Paulista, uma vez uma menina negra muito bonita, do nada começou a chorar, perguntei o motivo e ela disse que uma outra branca estava zoando o cabelo dela. Falei pra ela, só pra ela: - Você é linda, nunca deixe se abater se alguém disser o contrário, você é muito linda.
Na aula seguinte levei o livro "Amanhecer Esmeralda do Ferréz" que traz a história da menina Manhã. Lemos e trabalhamos ele (o livro).
No fim dos 6 mesês de oficina, pedi para todos escreverem o que mais gostou nesse tempo, a maioria disse que foi o passeio na Pinacoteca, a menina negra disse: - A aula do livro "Amanhecer Esmeralda"

DEBATE - 18h -
Tema:
A periferia se vê no cinema de periferia?

Formou a mesa....................
Ricardo Elias – cineasta e diretor dos filmes De passagem e Os 12 trabalhos
Rogério Pixote – cineasta e articulador do coletivo Cine Becos e Vielas
Toni Nogueira – produtor executivo da DGT Filmes e cinegrafista
Coordenação: Luiz Barata – coordenador do núcleo de audiovisual da ONG Ação Educativa

Buzo comenta
Gostei sinceramente do debate, os 3 cineasta escolhidos tem estilos e pensamentos diferentes e isso sempre é bom.
Ricardo Elias com 2 longas no curriculum (De Passagem e Os 12 Trabalhos) me pareceu muito certo do que quer, de quem ele é.
Já conhecia ele, que é um dos diretores do Programa Manos e Minas da TV Cultura, onde tenho um quadro.
Se fez entender e mostrou estar bastante antenado a cena urbana da cidade.
Seus filme mostram jovens periféricos sem ser bandido ou ligados a violência, pessoas comuns.
Já Rogério Pixote que fez alguns curtas, entre eles um exibido ontem (Amanhã Talvez), mostra que é contra filmes como Salve Geral (que gasta milhões e só mostra o lado da violência), fala sobre a cena de cinema na periferia, como uma pessoa que está lutando pela causa a anos, só por isso merece todo meu respeito.
Finalizando, Toni Nogueira foi bem, mostrou o seu otimismo em relação as possibilidades, apesar de algumas pessoas fazerem questão de falar mais das dificuldades.
Finalizou dizendo que sempre vai ser melhor ter feito do que ter ficado só na idéia.

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